O Blog do Krav Magá
- avigdor893
- 1 de set. de 2020
- 43 min de leitura
VALORES MORAIS E ÉTICOS, CÓDIGOS DE CONDUTA, CREDENCIAIS, FORMAÇÃO E A VERDADE.
30.08.2020
A princípio, quando iniciamos nossas pesquisas para escrever este artigo, tínhamos o objetivo de identificar e analisar como os valores morais e éticos estão presentes nas artes marciais e no Krav Magá, no cotidiano das aulas, na relação professor aluno, e na formação de bons cidadãos. Porém, a pesquisa me levou a encontrar materiais e pontos que precisam ser expostos e discutidos, que estão diretamente ligados a este assunto, mas que tratam de pontos extremamente delicados, e até, mais importantes.
De acordo com Enrique Severino Roque, em seu livro "O espírito das artes marciais", as artes marciais estão presentes na história da formação cultural e social de vários
países no mundo. Acumularam riquezas do ponto de vista ético e moral que se transformaram em princípios para seus praticantes. No Krav Magá, não é diferente, e na prática, podemos notar que os praticantes percebem a prática como um caminho de vida.
De acordo com o dicionário on-line de Cambridge, "arte marcial" pode ser considerada como "um esporte de forma tradicional de determinada cultura para lutar ou se defender". No entanto, tal definição falha em fazer justiça à profundidade e amplitude da multiplicidade de artes às quais o termo 'marcial' poderia ser aplicado. As artes marciais normalmente têm sua própria história, cultura e etiqueta com práticas que variam em forma e técnica. No entanto, se as artes marciais pudessem ser consideradas como um ritual abrangente e se, como Collins observa, "o ritual interativo é a chave para a micro sociologia, e a micro sociologia é a chave para o que é muito maior" (2004: 3), então pesquisas que enfocam as motivações para praticar uma arte marcial, bem como os benefícios que tal atividade oferece, são valiosas e esclarecedoras. Em termos de saúde e bem-estar, existe uma infinidade de pesquisas que analisam os benefícios dos diferentes tipos de artes marciais (e do Krav Magá) e da pratica esportiva em áreas como confiança, postura, flexibilidade e estresse, para citar apenas alguns. Muito material relacionado a isto, bem como essas pesquisas, podem ser encontradas no livro Martial Arts and Well-being de Carol Fuller.
Em "Reigi: Código de Conduta de um Dojo", é dito que alguns valores e costumes foram perdidos ao longo do tempo, principalmente em dojo’s ocidentais, onde se tem atitudes de respeitos diferentes (das tradicionais) devido à história e cultura da sociedade. Reigi se refere a regras de etiquetas e é semelhante a um ritual comportamental que parece ter pouca relação marcial, mas bastante importante para o cultivo de valores sociais.
Diz-se, que o artista marcial, ou a pessoa que estuda de certa forma alguns desses caminhos, deve ser melhor que o mínimo necessário. É de se esperar que todos os praticantes de artes marciais e de Krav Magá saibam se defender, e não se limitar apenas ao aprendizado de técnicas, mas também ao aprendizado de filosofia, conduta, ética e etiqueta (bons modos e cidadania).
Mas, algumas vezes, a prática é bastante diferente da teoria. Mentiras, má fé, falsas promessas, falta de comprometimento e falta de respeito com o aluno são só alguns dos pontos mais comuns que ilustram a falta desses valores em alguns dojos e escolas pelo mundo.
Em 2020, o filme "O Grande Dragão Branco" vai completar 32 anos, e continua conquistando fãs de todas as idades. Foi o primeiro sucesso do astro Jean-Claude Van Damme. Ele interpretou Frank Dux, um militar norte-americano que compete no Kumite, um torneio clandestino de artes marciais em Hong Kong. Uma história baseada em fatos reais… Ou não?... Frank Dux realmente teria sido o primeiro ocidental campeão do Kumite, batendo todos os recordes possíveis? Meses depois do lançamento do filme, o jornal LA Times publicou uma reportagem que desmentiu tudo isso.
O jornal foi atrás dos registros no exército e chegou à conclusão de que ele nunca esteve na Ásia. A reportagem não encontrou indícios de que o Kumite tenha existido, muito menos de Frank Dux tenha sido o campeão absoluto com 56 nocautes consecutivos entre 1975 e 1980, como afirma até hoje. Ainda mostrou um recibo indicando que um dos troféus exibidos por ele foi comprado em uma loja de penhores. Dux, escreve para um portal de notícias de Buffalo, nos Estados Unidos, e frequentemente publica artigos em que defende a veracidade dos seus feitos.
Entre tantas histórias, o que podemos verificar aqui, é um desvio no caminho ético, onde uma falsa verdade é utilizada para o benefício próprio do "Mestre", "Sensei" ou "Patrono". E até onde esse desvio pode ser algo perigoso ou prejudicial? A parte mais óbvia está nos ensinamentos passados pelos "Mestres", "Senseis", "Sempais" ou "Professores" para seus alunos. Ensinamentos não apenas técnicos (que podem ser questionados, a partir do momento que não se tem a certeza sobre a história, origem ou formação deste ou daquele professor), mas também, os ensinamentos para o dia-a-dia, para a formação de caráter do aluno, para o desenvolvimento da sociedade.
Segundo um texto traduzido por Jose Leonardo F. Santos, adaptado do artigo de Wayne Muromoto na Revista Furyu #8 publicada em 1998, podemos encontrar facilmente pessoas que constroem mentiras em cima de mentiras a fim de descrever que elas tem algo mais do que elas realmente são, com o intuito de estender seu controle sobre outras pessoas, seja para ganhar mais dinheiro ou pela necessidade da adulação e adoração, alimentando seu próprio ego, seguindo o comportamento de uma "seita", que começa geralmente em passos lentos, mas fixos, levados de uma base de quase-normalidade mas que na verdade está conduzindo a insanidade.
Analisando várias notícias em diversos meios de comunicação, podemos verificar a existência de grupos fanáticos no mundo inteiro, alguns dos quais estão envolvidos diretamente com o mundo das artes marciais.
Falsos "Senseis" ou "Mestres" (inclusive das artes marciais não-japonesas) constroem histórias, inventam algo e acreditam nas próprias mentiras. Muitos fatores podem levar esses "Senseis" a ter muitos seguidores: podemos partir de uma necessidade básica de que as pessoas precisam seguir alguém que tenha todas as respostas para suas vidas. Ou a falta de um exemplo a seguir. A própria ignorância (geralmente os seguidores são ignorantes sobre a história das artes marciais, e adota as idéias malucas do professor como evangelho). Esses fatores levam normalmente a um ponto bastante obscuro: a submissão cultural e psicológica.
Veja o Exemplo (retirado do site "Aizen Dojo"): “Olhe, nosso mestre Fujiram_na_Kombi, foi o único estrangeiro a aprender JoLay-U-ryu Aikijujutsu de Takeda Sokaku nos anos cinqüenta. Sokaku deu a ele certificados mágicos os quais fizeram dele o Soke do estilo, aí ele voltou para Nova Iguaçu, e ensinou para a bisneta do Sokaku. O que? Prova? Nós não precisamos de nenhuma prova. Você é um reles seguidor de baixo-nível e merece nosso desprezo”.
Se seu professor o trata com ignorância, e espera pela sua adulação e adoração, incentivando seus alunos dizendo que são membros de um grupo com conhecimentos "secretos" ou "especiais" que os farão mais poderosos e "melhores" que o próprio Exterminador do futuro, muito cuidado! Este é um padrão que faz pessoas susceptíveis sentirem-se bem internamente, dispostas a ignorar ou esquecer o abuso mental e físico que lhe são impostos durante o treino.
Fique realmente desconfiado quando o "Grão Mestre Sensei" diz coisas como, “Oh, ninguém no Japão (ou qualquer outra localidade no mundo) sabe muito sobre mim ou minha escola porque nós éramos uma sociedade secreta, trabalhávamos com parte da inteligência do exército, ou éramos muito bons e especiais, e por isso, estávamos longe dos demais alunos "normais", treinando em separado. Se o grupo fosse mesmo secreto ou especial, a ponto de ninguém ter ouvido sobre ele, o que o faz pensar que os membros japoneses, que são freqüentemente conhecidos por seu comportamento xenofóbico, viriam a ensinaria isto a um grupo de estrangeiros de meia-tigela, e deixar esses ensinamentos sairem de seu controle ou domínio?
Fique desconfiado, se os certificados e documentos do "Grão Mestre Sensei" existirem, e você tiver acesso a eles, e perceberem que estão marcados com um obscuro e místico caractere estrangeiro que você não conhece. Fique desconfiado se quando você faz perguntas sobre as origens e instruções do seu professor, você recebe respostas como "eu não tenho que lhe dizer sobre isso porque você não entenderia”. Fique desconfiado se a única versão ou fonte da história contada por seu "Mestre" seja ele próprio, ou membros que fazem parte da sua instituição.
Uma vez, veio a público uma cópia de uma carta recebida de um grande mestre que foi indagado sobre suas credenciais. “Eu não tenho que lhe dizer sobre isso, e além disso, todo mundo sabe, eu sou um mestre, assim, se você continuar fazendo perguntas, eu não falarei com você nunca mais". Este super-hiper sensei também mencionou que ele tirou fotos com astros de filme de artes marciais e com lutadores de full-contact, os quais claramente validaram com assinaturas todas as suas reivindicações.
Quando você apresenta duvidas e perguntas incomodas, as ações do seu professor exibem um tipo de paranóia, ou um padrão para encobrir a verdade e ele perde a paciência facilmente? As estórias do seu professor sobre as origens do estilo dele mudam sempre que você vem apresentar novos fatos ou mostra algo que coloca em dúvida algum ponto daquela contada por ele? Cuidado!
Esse tipo de comportamento, pode levar a relações abusivas entre professor e aluno, que considera o abuso físico e verbal como parte normal do seu “treino". Esse comportamento logo se desenvolve para o chamado fanatismo, que pode levar desde a contusões, deslocamentos, e equimoses por resultado do treino até a traumas psicológicos.
No entanto, é evidente que os piores abusos são de certos grupos, e de certas modalidades, mais específicas, principalmente porque não existem muitas informações em inglês para verificar muitas das reivindicações ditas por eles. É suficiente dizer que os Estados Unidos tem mais mestres de algumas artes que em todo o Japão.
A maioria dos grupos e escolas de artes marciais são organizações legítimas, apesar das diferenças administrativas em relação aos seus negócios e as relações interpessoais de professores com os alunos. Mas fique atento ao local que você pretende treinar, e aos sinais que você pode perceber dos "Mestres" e alunos. Verifique as credenciais do "Mestre" e dos Professores. Busque por essas informações em documentos, em várias fontes de informações, de vários lugares no mundo. Busque preferencialmente, pelo nome real do professor, pois seus documentos oficiais não serão assinados ou escritos com seu apelido ou pelo nome pelo qual é conhecido. Não brinque com isso. Antes do que você possa imaginar, pode ser muito tarde para você prosseguir com a sua vida normal, e o estrago já terá sido feito.
A prática do Krav Magá ou de qualquer arte marcial exige cuidado e responsabilidade. No Japão há um ditado que diz que "é melhor gastar três anos procurando por um bom professor do que ocupar o mesmo período de tempo fazendo exercícios com alguém inferior." (– Yoshi Oida).
Procure sempre saber informações sobre o instrutor, onde ele treina e como foi seu processo de formação para dar aulas. Procure saber se o instrutor que você escolheu é credenciado junto à uma Federação séria, honesta, competente, respeitável e não tendenciosa.
O profissional mal preparado representa um perigo para seus alunos e para sociedade. A função do instrutor de Krav Magá é educar e formar cidadãos do bem, ensinar técnicas de defesa pessoal, ensinando quando e como aplicá-las, desenvolver a autoconfiança e o autocontrole, entre outros. Ao trabalhar o corpo como instrumento de ataque e defesa, libera-se a agressividade, direcionando essa energia de forma sadia e construtiva. Ser rigoroso na escolha de uma escola, é a única forma de garantir que o trabalho realizado trará ao aluno seu desenvolvimento pessoal e também auxiliará para a formação de uma sociedade melhor.
Bibliografia:
Souza, Deyvison. Reigi: Código de conduta de um dojo. Cia do eBook. Edição do Kindle.
Fuller, Carol. Martial Arts and Well-being. Taylor and Francis. Edição do Kindle.
ROQUE Enrique Severino. Livro: O espírito das artes marciais, EDITORA:
Nelpa,2010.
BARREIRA, Cristiano Roque Antunes. A Moralidade e a Atitude Mental no karate
do no Pensamento de GichinFunakoshi. OnLine. Disponível em:
Http://www.fafich.ufmg.br.memorandum /artigos02/barreira/barreira01.htm. (Barreira,
2002).
NETO, Luis Alves, (2003). Artes Marciais como expressão corporal e qualidade
de vida. On-Line. Disponível em http://www.uff.br/gef/anais-vii.doc.doc
RUAS, Vinicius. Os Admiráveis Samurais e a Etnografia de Jigoro Kano. 2006
Wayne Muromoto, Traduzido por Jose Leonardo F. Santos e adaptado
do artigo de Revista Furyu #8 - Tengu Press 1998 http://www.aizen.org/fanatismo-em-artes-marciais
Verdade ou mentira? A história do homem que diz ser o Grande Dragão Branco..UOL Esporte 2018 em https://uolesporte.blogosfera.uol.com.br/2018/01/19/verdade-ou-mentira-a-historia-do-homem-que-diz-ser-o-grande-dragao-branco/?cmpid=copiaecola&cmpid=copiaecola
O QUE TODOS DEVERIAM SABER SOBRE O KRAV MAGÁ (E TALVEZ SOBRE A VIDA).
Ensinar Defesa Pessoal e principalmente Krav Magá, não é algo simples. Essa tarefa, além de se diferenciar muito do ensinamento tradicional de artes marciais, tem pontos e detalhes bastante específicos, que muitos ainda não compreendem (tanto alunos quanto instrutores) ou não são capazes de executar, seja por falta de oportunidades, de conhecimento, medo e insegurança, ego ou até mesmo, por incompetência.
Em uma sociedade onde o crime e a violência estão cada vez mais presentes e em elevado crescimento, não é surpresa que as pessoas busquem aulas de Krav Magá para poder se prevenir ou se defender de possíveis agressões. Alguns instrutores de diversas modalidades e escolas, acreditam que todo conteúdo passado em suas aulas é sempre absorvido por completo pelos seus alunos, e eles estarão prontos para utilizar aquelas mesmas técnicas em qualquer momento de necessidade e elas sempre irão funcionar, ignorando assim, pontos importantíssimos e criando uma outra realidade, que pode ser ainda mais assustadora do que a própria realidade das ruas, criando um falso senso de segurança.
De acordo com Rory Miller, autor de “Meditations on Violence: A Comparison of Martial Arts Training and Real World Violence” dentre muitos outros dentro deste mesmo tema, aprender Krav Magá é diferente de qualquer atividade das quais estudamos ou treinamos durante a vida. Diferentemente do que acontece no dia a dia em nossos trabalhos, quando trabalhamos com engenharia por exemplo, ou de um treino de xadrez ou boxe, ou qualquer outra modalidade esportiva, não temos como prever ou saber qual é o problema com o qual iremos nos deparar quando uma situação real de agressão acontecer. O engenheiro sabe exatamente quais problemas podem acontecer na hora que está construindo uma ponte ou um túnel. O esportista sabe exatamente como e quando terá que enfrentar seu adversário, e com um pouco de estudo, seus pontos fracos, fortes, seus objetivos, etc. Mas ninguém é capaz de saber quando será agredido, e como isso vai acontecer. Você não sabe se um dia precisará se proteger de uma tentativa de estupro ou sequestro, um ataque terrorista com faca, um assalto, ou se uma discussão no bar vai se desenvolver para algo mais grave e chegar até você, que estava ali só de passagem e não tinha nenhuma relação com o fato.
Muitas escolas que dizem ensinar Krav Magá falham no sentido de transmitir para seus alunos informações e técnicas usando um ponto de vista estritamente conceitual, técnico, e muitas vezes, único, para os alunos, demandando que estes executem os movimentos ou técnicas de forma similar ao que seu instrutor o faz, imitando, sem entender tudo que está por trás daquele movimento ou da situação onde ele se enquadra, e todas as possíveis variáveis.
O Krav Magá é uma técnica de defesa pessoal, e deve ser tratada sempre desta forma. A realidade, com a qual nos deparamos todos os dias, é um “sistema aberto”, com muitas maneiras de estar certo, e muitas outras maneiras mais de estar errado. Quando nos deparamos com escolas de artes marciais e suas formas tradicionais de ensino, estamos falando de um sistema fechado, e que está sendo executado da mesma forma por muitas gerações, onde o instrutor tem a obrigação de ensinar ao aluno algumas técnicas de uma forma específica. Neste tipo de sistema, você ensina usando como foco o “tema” e o que é correto ou aceito para aquele assunto específico.
Para ensinar defesa pessoal ou especificamente Krav Magá, o foco deve ser diferente. O foco deve estar no aluno. Cada pessoa é diferente da outra. São indivíduos diferentes, com corpos diferentes, experiências de vida diferente, formas de pensar diferentes. São pessoas que irão enfrentar diferentes tipos de violência e de crimes na rua. Cada aluno possui características diferentes e recursos diferentes. Eles possuem limites diferentes. Quando o foco de ensino está no aluno, não basta conhecer o currículo. É preciso conhecer as excessões, as falhas, as situações que estão fora deste currículo, e principalmente, como adaptar esse currículo para alunos diferentes, física e mentalmente.
E como deve ser uma aula de Krav Magá, onde o instrutor é capaz de ensinar as mesmas coisas para pessoas tão diferentes de forma a não desperdiçar o tempo dessas pessoas e o dele próprio? Segundo Eyal Yanilov, no livro “Principles-Based Instruction for Self-Defense (and maybe life)” escrito e publicado por Rory Miller, para você aprender, se desenvolver mais e melhorar, você precisa interagir com pessoas que tenham mais conhecimentos do que você, e até conhecimentos diferentes, que tenham diferentes níveis e graduações. E se você não pode ter o contato pessoal com esses diferentes professores de diversos países e locais, você deve ler muito, estudar e entender como outros profissionais trabalham.
Ou seja, é de extrema importância que seu instrutor e sua escola entendam a realidade, conheçam o currículo e todas as possíveis variáveis envolvidas no processo, e saibam explicar o conceito por trás dos movimentos e a realidade por trás das técnicas. Isso só é possível com experiência. Experiência que só será adquirida com muito estudo, muita troca de informações, com treino e contato com professores e escolas de diferentes lugares do mundo, com pessoas mais graduadas e que tenham outras vivências além da sua. O ego e a arrogância devem ser colocados de lado. O instrutor deve ser humilde para aprender com todos, e entender o papel dele dentro do tatame.
Todo mundo é melhor que todo mundo em alguma coisa. Ninguém é especial. Sempre existirão pessoas que executarão alguma tarefa melhor que outras. Não existe uma verdade única, ou uma forma única de se fazer alguma coisa. Toda verdade, dependendo das circunstâncias, deixa de ser verdade. Qualquer uma. A física Newtoniana, por exemplo, é capaz de explicar qualquer coisa, a não ser que se esta coisa seja muito grande. Ou muito pequena. Ou muito rápida. E aí precisaremos usar a ciência de Einstein para nos ajudar. Porém, Einstein também não é perfeito, e sua teoria da relatividade também não funciona se as coisas forem muito pequenas. A ciência nunca encontrou um lugar onde nada muda, ou onde as circunstâncias não afetem de alguma forma os resultados.
Seja cuidadoso. Dentro do mundo das artes marciais e dos instrutores de defesa pessoal existe um número grande de desinformação, como resultado de pessoas bem intencionadas com limitações ou informações incompletas, executadas por um único ponto de vista, que ao invés de ensinar coisas ou técnicas que eles sabem de verdade que funcionam (por experiência própria, estudo ou troca com outras pessoas que sabem), acabam ensinando coisas que eles acreditam que possam funcionar, pois só tiveram contato com uma única fonte de informação, tem pouquíssimo estudo literário (por deficiências linguísticas ou financeiras) e quase nenhuma troca com outras pessoas da mesma área por conta do ego inflado e arrogância.
Para Kelly Muir (praticante de artes marciais e instrutora com mais de 30 anos de experiência, indicada em 2012 ao “Black Belt Hall of Fame” na categoria “Mulher do Ano”), instrutores e escolas precisam ser profissionais, organizados, humildes, estudiosos e principalmente, pacientes. Experiência se ganha com treino, com troca de experiências e com estudo, e isso leva tempo. Estudar defesa pessoal é estudar a realidade. Muitos podem dizer que “sabem” muitas coisas, e têm bastante confiança sobre elas. Infelizmente, muitas dessas coisas não são verdades. Elas não são reais, ou não foram vistas ou testadas sob todos os pontos de vista.
Sempre procure pelas origens da informação. Compare com a de outras fontes. Veja se faz sentido, sob outras circunstâncias.
Seja cético (inclusive em relação a mim e a este texto).
Bibliografia:
Dr. Mor, Guy. Moriya, Abi. Krav-Maga: Teaching with Doubt!: The complete toolkit for martial arts instructors. Amazon Ebook – Print Replica 2020
Miller, Rory. Yanilov, Eyal (Foreword). Principles-Based Instruction for Self-Defense (and Maybe Life). CreateSpace Independent Publishing Platform. 2017
Miller, Rory. Meditations on Violence: A Comparison of Martial Arts Training and Real World Violence. YMAA Publication Center. 2008
Morell, Romain. THE KRAV MAGA INSTRUCTOR’S BOOK: How to teach a self-defense method and a close-combat system. Amazon Ebook – Print Replica 2018
Miller, Rory. The Practical Problem of Teaching Self-Defense. https://ymaa.com/articles/2015/1/the-practical-problem-of-teaching-self-defense 2015
Muir, Kelly. The Art of Teaching Women’s Self-Defense: Less Is Best. https://blackbeltmag.com/the-art-of-teaching-womens-self-defense-less-is-best 2014
TREINO INDIVIDUAL E TREINO MENTAL
No artigo de hoje, falaremos sobre o treinamento mental e a importância de utilizá-lo no treinamento solo. Esses pontos são muito importantes, e fazem parte de uma discussão mundial nos dias de hoje, principalmente em decorrência da quarentena causada pela pandemia do vírus Covid-19 no mundo.
Ao falarmos sobre o treinamento individual, não temos a intenção de substituir as aulas regulares ministradas por pessoal qualificado por treinos deste tipo, mas sim, fornecer um conceito valioso de treinamento que complementará essas aulas regulares e ajudará no desenvolvimento pessoal e técnico do aluno.
Nos últimos meses, nos encontramos treinando em nossas salas de estar, jardins, garagens ou em qualquer outro cômodo da casa onde encontramos espaço suficiente para nos mover e executar os exercícios. E para a maioria de nós, esses treinos foram bastante solitários. A excessão (em partes) foi daqueles que tiveram sorte, e puderam encontrar um parceiro de treino morando na mesma casa, ou para aqueles que podiam contar com a orientação on-line de seus professores ou instrutores. Independente de qual desses casos ou situações eram, o treino provavelmente foi, na maioria das vezes, uma atividade muito desafiadora. Isso ocorreu não somente pelo esforço físico envolvido no treinamento, mas também, pelo esforço mental exigido por esse tipo de trabalho. Alunos que precisam treinar técnicas de Krav Magá ou outras técnicas de defesa pessoal, tiveram que, além de executar os movimentos de forma correta, imaginar o agressor, a posição real do ataque, as distâncias, os alvos, efeitos e possíveis reações (do agressor) entre outras funções envolvidas nesse processo de treino e aprendizagem.
Para aqueles que têm mais experiência, esse processo e tipo de treino é relativamente simples. Mas para quem é iniciante ou para quem tem menos experiência na área, isso pode ser algo bastante complexo e desafiador. Não é tão difícil imaginar alguém treinando sozinho, em casa, apenas realizando uma série de movimentos, como uma máquina, repetidamente, de forma mecânica, sem que, neste processo, esteja visualizando as situações reais envolvidas no ataque sofrido, ou seja: sem treinar também o cérebro.
No treinamento individual (assim como nos demais tipos de treinos), é muito importante treinar o corpo, a técnica e a mente também. Só nos tornamos bons em Krav Magá se estivermos bem preparados em todos esses pontos: a parte técnica, física e principalmente, a mental.
Podemos dizer, que um dos pontos chave, e mais importantes no treinamento individual e mental, é o que chamamos de “visualização”. Precisamos entender e visualizar o agressor, o alvo, a situação real. Imaginar o cenário e a situação para a qual estamos treinando.
A visualização é importante porque quando nossos cérebros imaginam vividamente e profundamente as coisas, em detalhes, essas situações e esses cenários eventualmente se tornam parte de nossas experiências, independentemente de terem realmente acontecido ou de estarem apenas dentro das nossas mentes. Para o cérebro, não existe diferença. Além disso, de acordo com pesquisas científicas, quando praticamos “movimentos mentais”, ou imaginamos que estamos realizando uma atividade ou exercício, nosso corpo reage à essa atividade cerebral com movimentos musculares reais, realizando micro contrações, melhorando assim nosso desempenho, tal qual quando treinamos esses movimentos da forma regular.
Artistas e atletas de alta performance no mundo inteiro, há muito tempo, usam a técnica da visualização (também conhecida como prática mental) para melhorar cada vez mais suas habilidades, acrescentando esse trabalho aos ensaios e treinos físicos reais. De fato, muitos fisiologistas e psicólogos especializados acreditam que a visualização é tão importante quanto a prática física em si, quando o objetivo é melhorar o desempenho.
Além disso, o treinamento mental cria o que podemos chamar de força mental: a capacidade de focar e pensar melhor, regular as emoções, controlar os pensamentos, e comportar-se de forma positiva. A mente controla é responsável pelo corpo. Uma mente forte pode produzir um corpo ainda mais forte enquanto uma mente fraca cria um corpo frágil. Os pensamentos que temos e criamos determinam o curso que nosso corpo vai seguir.
Como o cérebro é um músculo, ele também pode ser treinado para se tornar mais forte: e isso pode ser feito com exercícios específicos para o cérebro. O treinamento mental pode tornar o indivíduo emocionalmente mais forte e mais capaz de controlar suas reações e emoções. Podemos dizer que o treinamento para a resistência mental e emocional torna as pessoas mais confiantes, e assim, elas não têm motivos para se sentir inferiores ou incapazes de realizar grandes feitos.
O treinamento mental, além de tudo, desenvolve habilidades e outros pontos essenciais utilizados nas diversas situações com as quais nos deparamos no dia-a-dia. Ele melhora o foco e a concentração. Para lidar com problemas diários e principalmente, nas situações de violência onde precisamos nos defender, é preciso que o auto controle seja forte e esteja presente. A determinação pessoal, a agressividade, a força de vontade e a persistência são algumas das qualidades necessárias para cumprir os desafios ou reagir ao perigo. A única forma de fortalecer esses pontos e devolver essas habilidades é realizando o treinamento mental.
No momento de uma agressão, ou de um confronto físico, ocorre o desencadeamento de vários sentimentos. Confiança e força mental irão proporcionar uma vantagem importante nesse cenário e apenas o treinamento adequado poderá criar uma resposta adequada e segura do corpo durante um enfrentamento.
Para tomar decisões de qualquer tipo, ou executar quaisquer tarefas, quando concentrada, a mente humana naturalmente toma decisões rápidas e corretas em resposta ao estímulo recebido. Isso é feito intuitivamente, quase como um reflexo automático do corpo. Porém, a mente reage ao estímulo recebido de acordo com o treinamento realizado anteriormente, simulando a mesma condição, ou de acordo com a reação que já executou em experiências similares anteriores. Desta forma, é possível afirmar que muitas tarefas são realizadas de forma subconsciente e para que a reação ou resposta do corpo para esta determinada situação seja adequada, é preciso que o treinamento mental tenha sido previamente realizado, com a visualização da cena de uma forma completa e detalhada.
Desta forma, após analisar as pesquisas e informações, é possível concluir que o treinamento mental é essencial. Ele não pode ser ignorado ou deixado de lado, principalmente no treino individual. A visualização é uma das ferramentas mais fortes que pode ser utilizada neste processo, visto que, sem as habilidades psicológicas necessárias, não é possível, na maioria das vezes, executar as reações físicas previamente treinadas nos momentos onde elas serão mais necessárias.
Não existem atalhos ou fórmulas mágicas para desenvolver as habilidades físicas e mentais exigidas em situações imprevisíveis ou perigosas, que envolvem altos riscos. Para isso, é preciso um treinamento regular, orientado por profissionais capacitados e sérios, capazes de melhorar as técnicas, os movimentos e fortalecer a mente de seus alunos, tornando-os capazes de se defender, aumentando assim as chances de sobrevivência em qualquer situação.
BIBLIOGRAFIA:
The Becoming Bulletproof Project by Tim Anderson
NAVY SEAL SELF-DISCIPLINE: HOW TO BECOME THE TOUGHEST WARRIOR SELF-CONFIDENCE, SELF AWARENESS, by Jason Lopez.
Solo Training The Martial Artist’s Guide to Training Alone by Loren W. Christensen
Krav Maga – Combat Mindset & Fighting Stress: How to Perform Under Alarming and Stressful Conditions by Eyal Yanilov
The Krav Maga Expert – Mental Training to become Pure Krav Maga and Hand-to-hand Combat Expert by Boaz Aviram
The Mental Preparation Grid by IKMA Gidon System on ikmakravmaga.com
7 MITOS SOBRE O KRAV MAGÁ
Nos dias de hoje, com o excesso de informações que circulam nas redes, é muito comum surgirem dúvidas, informações conflitantes e falsas verdades sobre qualquer assunto. Com o Krav Magá não seria diferente, e existem muitos mitos que podem confundir até mesmo os alunos mais experientes e atentos. Neste artigo, abordaremos alguns dos mitos mais comuns, e tentaremos esclarece-los melhor com fatos, documentos e fotos, que podem ser facilmente encontrados em livros e instituições de Krav Magá ao redor do mundo, em diversas línguas, de diversas fontes e autores diferentes e que narram sempre a mesma versão do fato, não sendo assim uma visão distorcida ou transformada da realidade (como aquela contada por uma única fonte e repetida por outros da mesma linhagem, que não têm acesso a informação, por uma dificuldade lingüística, ou por acreditar cegamente em tudo que é dito).
Dito isto, vamos aos mitos!
1. PARA TREINAR KRAV MAGÁ, EU PRECISO TER UM EXCELENTE CONDICIONAMENTO FÍSICO OU CONHECIMENTOS PRÉVIOS SOBRE ARTES MARCIAIS.
Este é um dos falsos mitos mais comuns sobre Krav Magá. A técnica foi desenvolvida para que qualquer pessoa fosse capaz de desenvolver habilidades de defesa pessoal. Segundo David Kahn (Krav Maga: An Essential Guide to the Renowned Method for Fitness and Self-Defense), o Krav Magá foi criado para que qualquer pessoa possa aprender a se defender, sem que para isso tenha grandes habilidades de luta ou treinamentos prévios. Imi Lichtenfeld (Z”L) criou o Krav Magá para que fosse aprendido em um curto espaço de tempo e ainda assim, ser eficiente. O sistema não trabalha com os tradicionais “katas” ou coreografias. Ao invés disso, a técnica se baseia no chamado “retzef”, palavra em hebraico para “movimento contínuo de combate”. Além disso, o sistema é flexível, e pode ser adaptado as necessidades e realidades de cada um. Prova disto, temos o clássico vídeo que pode ser visto no YouTube onde um cadeirante treina e aplica as técnicas de defesa aprendidas no Krav Magá.
Além disso, no Krav Magá você aprenderá a usar tudo o que estiver a seu alcance como uma arma para se proteger ou se defender, e isso inclui obviamente seu corpo! Desta forma, com uma série de exercícios simples, você aquece e prepara seu corpo para a aula, e com as combinações de movimentos, trabalha o condicionamento físico (aeróbico e anaeróbico), a força, a agilidade, a flexibilidade e o alongamento, melhorando seu preparo físico e sua saúde e deixando você em excelente forma física enquanto aprende.
2. O KRAV MAGÁ É VIOLENTO E EU POSSO ME MACHUCAR.
Muitas pessoas cometem o erro de acreditar que Krav Magá é violento porque não conhecem a arte e viram alguns vídeos na internet, por comparação com aulas de artes marciais de outras modalidades ou porque alguma vez escolheram o lugar errado para treinar e foram instruídas por pessoas desqualificadas em suas aulas. O Krav Magá foi criado para permitir que as pessoas possam voltar vivas para casa, independentemente de gênero, idade ou força física. É uma atividade democrática, que atende a todos os tipos de público.
Se você procurar uma academia séria de Krav Magá, logo perceberá a verdade, começando pelo perfil dos alunos que frequentam as aulas. Quem está no tatame, aprendendo as técnicas, são cidadãos de bem, como você e que não querem aprender a brigar, mas sim a se defender. Eles procuram uma solução para o bullying e a violência do dia a dia e treinam na esperança de nunca precisarem usar o Krav Magá, mas para estarem prontos, caso necessário. O bom instrutor, prepara seus alunos de forma física, técnica e emocional, levando em consideração todos os aspectos envolvidos no processo, principalmente a segurança.
A função do instrutor de Krav Magá (de uma entidade séria) é ensinar técnicas de defesa pessoal, ensinando quando e como aplicá-las, desenvolvendo a autoconfiança e o autocontrole de seus alunos. Ao trabalhar o corpo como instrumento de ataque e defesa a energia é direcionada de forma sadia e construtiva. O processo de formação de instrutores adotado pela Federação Internacional de Krav Magá, por exemplo, é extremamente rigoroso, e é o mesmo criado por Imi Lichtenfeld (Z”L), o criador da modalidade, e garante a qualidade e alto nível de ensino do Krav Magá, de forma segura e consciente.
3. EU PRECISO ESPERAR SER AGREDIDO PARA PODER USAR O KRAV MAGÁ E REAGIR EM LEGÍTIMA DEFESA.
Existe um conceito mal entendido e uma crença de que você deve esperar ser atacado (contato físico) antes de poder reagir em legítima defesa. Essa afirmação é completamente falsa. O artigo 25 do Código Penal define legítima defesa como: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Desta forma, vemos que, podemos e devemos nos proteger e nos defender, mesmo antes de termos sofrido uma agressão.
Usar o Krav Magá e se defender de uma agressão ou ameaça, significa que você teve a necessidade de fazê-lo. É uma situação onde você não teve outra escolha, não teve opções de evitar, fugir ou tomar qualquer outra atitude que não fosse a de se defender.
O Krav Magá lhe dá mais opções e escolhas, e aprimora sua habilidade de tomar rapidamente a decisão correta, fazendo com que você tenha sempre as melhores e maiores chances de se proteger. Com o treinamento, você adquire auto-confiança e o conhecimento necessário para decidir, em uma situação de perigo iminente, quais as escolhas mais adequadas para se manter a salvo.
A lei existe para protege-lo, e se você é capaz de entender a diferença entre se proteger e simplesmente machucar ou ferir alguém, não se preocupe, pois ela está sempre do seu lado!
4. O KRAV MAGÁ É O MESMO DESDE SUA CRIAÇÃO, E APENAS AS TÉCNICAS DO PRIMEIRO CURRICULUM SÃO FUNCIONAIS.
Segundo inúmeros livros de Krav Magá, de diferentes autores, escritos e publicações em diferentes épocas, incluindo aqueles que realmente treinaram e foram alunos de Imi Lichtenfeld (Z”L) (e possuem fotos e documentos comprovando tais fatos, ocorridos em cerimônias públicas com diversas testemunhas), o Krav Magá sofreu algumas adaptações e mudanças desde o momento de sua criação. Para entender melhor como e porque tudo isso aconteceu, precisamos entender os momentos da história de Imi, e os acontecimentos e etapas de cada uma dessas fases.
Imi Lichtenfeld (Z”L) se tornou instrutor chefe da parte física e combate corpo a corpo no IDF no ano de 1948. Nesta época (até 1964) – onde podemos dizer que o Krav Magá foi “criado” – a técnica e seu treinamento existiam somente no campo militar, dentro do exército, no serviço secreto “Mossad” (o Instituto para Inteligência e Operações Especiais) e na Agência de Segurança de Israel conhecida como “Shabak” ou Shin Bet (Serviço de Segurança Geral). Justamente por ser usado apenas neste contexto, o treinamento militar do Krav Magá era bastante restrito e limitado, pois deveria atender pessoas que carregam armas e equipamentos, e que tinham necessidades e rotinas bastante específicas e precisavam aprender rapidamente as técnicas durante o curto período de treinamento de que dispunham.
Já em 1964, Imi se aposentou do IDF e, pouco tempo depois, abriu suas academias para ensinar Krav Magá, em Netanya e Tel Aviv. Foi neste momento que o Krav Magá sofreu suas primeiras adaptações, pois o curriculum militar precisava ser adaptado para uma nova realidade e um novo público (os civis). Segundo Eyal Yanilov em entrevista para a Black Belt Magazine no ano de 2015, nesta época existiam algumas técnicas para cada graduação criada (faixas) e quase nenhuma teoria. Não existiam muitas conexões entre as técnicas e poucas variações. Os alunos realizavam uma soltura de enforcamento, por exemplo e depois uma série de golpes. Contra facas, eram realizadas técnicas que envolviam defesa e contra ataque, onde após ser realizada a defesa, era feita uma chave de pulso para levar o agressor ao chão e o exercício terminava. Era algo como apresentar uma solução diferente para cada problema específico.
No ano de 1974, Imi parou de ministrar aulas regulares, delegando a função de dar aulas de Krav Magá na academia em Netanya para seu aluno mais graduado: Eli Avikzar. Mesmo deixando de lado as funções como professor, Imi não deixou de ser ativo ou participar do desenvolvimento e da continuidade do Krav Magá. Em 1978, criou a “Associação de Krav Magá” com a ajuda de seus melhores alunos. Após algum tempo, e alguns fatos que não vem ao caso no momento, com a ajuda destes mesmos instrutores e mais alguns, o nome desta organização mudou para “Associação de Krav Magá Israelense” ou “Israeli Krav Maga Association” (IKMA) no ano de 1980. Nesta época, mais precisamente nos anos de 1987 e 1988, o comitê da IKMA responsável pelo trabalho técnico do Krav Magá, sob comando de Imi, formulou um novo curriculum. Foram adicionados os 5 “Dans” técnicos na faixa preta, foram adicionadas algumas técnicas novas e retiradas algumas que não eram mais relevantes ao trabalho. Neste momento, alguns dos alunos de Imi e seus instrutores escolheram se desligar da IKMA e seguir por seus próprios caminhos criando suas próprias organizações.
Uma lista, publicada pela Israeli Krav Maga Association em junho de 1988 na Martial Arts Magazine em Israel, mostrava quem eram seus principais instrutores e as escolas de Krav Magá em atividade naquela época. Os instrutores eram: Raphy Elgrissy, Haim Zut, Uri Reffaeli, Haim Gidom, Miki Assulin, Nahum Barsover, Avner Hazan, Oscar Klein, Yaron Lichtenstain, Eyal Yanilov, Shimon Harpaz, Eitan Savir e Eyal Savir. Alguns destes instrutores, inclusive, na data de publicação deste material, sequer faziam parte da IKMA, como é o caso de Eli Avikzar e os seus alunos, por exemplo.
Na mesma época, podemos encontrar documentos assinado por Imi Lichtenfeld (Z”L) e registrados em cartório, declarando todas as graduações dadas por ele aos seus alunos acima do 6º Dan. Os nomes de alguns “Mestres” de Krav Magá não chegam nem a ser mencionados em tais documentos. Além disso, todos os presentes nesta lista (Eli Avikzar, Haim Gidon, Eyal Yanilov, Haim Zut e Shayke Barak) foram graduados e certificados em cerimônias públicas, na presença de diversas pessoas como testemunhas.
Mais tarde, na década de 90, o Krav Magá sofreu mais algumas mudanças significativas, tudo isso ainda sob a liderança de Imi Lichtenfeld (Z”L). Nesta época, foi realizado o lançamento de uma versão atualizada do livro de técnicas, com mudanças que foram inseridas no método de ensino devido à compreensão de que, aquelas técnicas ou defesas, poderiam ser feitas de uma forma melhor, dentro de um sistema tático e completo.
5. MINHA ESCOLA É A ÚNICA QUE ENSINA KRAV MAGÁ. AS OUTRAS ENSINAM UMA “MISTURA” DE TÉCNICAS.
Seria muita pretensão acreditar que somente uma pessoa tenha aprendido Krav Magá e detenha todo o conhecimento da arte para si próprio, sendo o único a conhecer e difundir tais informações. Além disso, é sempre importante lembrarmos de que o Krav Magá surgiu, na verdade, de uma combinação de movimentos de várias técnicas e artes marciais – a abordagem inicial de Imi foi a de adaptar todas as técnicas de combate que eram treinadas no exército, como por exemplo o Boxe, o Judo, Karatê e Jiu-Jitsu, para os movimentos mais naturais e instintivos do ser humano. Ao invés de dizer aos soldados o que deveria ser feito, ele começou a treinar as reações naturais do corpo, e essa foi a base do desenvolvimento e da criação do Krav Magá. É ignorância pensar que o Krav Magá foi criado a partir do nada, do vazio.
Segundo Ron Rotem (Faixa Preta 4º Dan, com mais de 30 anos de experiência, incluindo o cargo de chefe no departamento de Krav Magá do IDF – Forças de Defesa de Israel), o Krav Magá foi criado num processo que levou algumas décadas. A partir dos anos 80, o Krav Magá sofreu uma algumas mudanças significativas, tudo isso sob a liderança de Imi Lichtenfeld (Z”L), incluindo o lançamento de uma versão atualizada de seu livro de técnicas nos anos 90, como já mencionado anteriormente. Essa compreensão de que existia uma forma melhor de aplicar ou executar uma técnica específica surgiu a partir de experiências acumuladas por Imi e por seus alunos mais graduados, baseadas no trabalho realizado dentro e fora do IDF, estudos sobre defesa pessoal e outras artes marciais e também sobre anatomia humana, movimento e biomecânica.
É importante lembrar aqui, que nesta época, muitos alunos de Imi ou de seus alunos, já não treinavam mais Krav Magá ou faziam parte da IKMA porque haviam escolhido seguir um caminho de forma diferente, muitos anos atrás. Eli Avikzar, o primeiro aluno faixa preta de Imi, havia criado o Krav Magen, e Haim Zut, a “Krav Maga Federation”. Em Dezembro de 1995, Avi Moyal, Gabi Noah, Eyal Yanilov e Eli Ben-Ami estabeleceram a International Krav Maga Federation (IKMF), com o intuito de ensinar e difundir o Krav Maga fora de Israel. Quando a IKMF foi formada, todos os Diplomas e Graduações de seus instrutores foram dados e autorizados por Imi, bem como o novo curriculum de ensino do Krav Magá, e suas futuras mudanças, no ano de 1997.
Imi apoiou e incentivou a iniciativa e a formação da IKMF, pois ele acreditava que era mais importante levar o Krav Magá e ensinar as técnicas desenvolvidas até aquele momento para pessoas que precisavam dela do que atender apenas os objetivos e interesses particulares de alguns instrutores.
Carsten Draheim, em seu livro “Krav Maga: A comprehensive guide for individuals, security, law enforcement and armed forces” descreve o Krav Magá como um sistema aberto e flexível, que pode ser modificado frente as experiências diárias dos profissionais que as usam no seu dia a dia de acordo com suas reais necessidades e realidades, e também com base nos avanços dos estudos sobre anatomia e biomecânica humanas.
Porém, apesar do fato de que, em sua origem, o Krav Magá se basear em algumas técnicas de outras artes marciais, ele se diferencia de todas elas em um ponto: no Krav Magá não existem regras!
6. EXISTEM ESCOLAS QUE ENSINAM KRAV MAGÁ “PIRATA”.
A violação de direitos autorais (denominada coloquialmente como pirataria) é o uso de obras protegidas pela lei de direitos autorais sem permissão para um uso em que essa permissão é necessária, infringindo, portanto, certos direitos exclusivos concedidos ao detentor dos direitos autorais. O detentor dos direitos autorais normalmente é o criador da obra, um editor ou outra empresa à qual os direitos autorais foram atribuídos.
Acreditamos que não seja necessário dizer que não existem quaisquer direitos autorais sobre o Krav Magá (técnica). O Dr. Fábio Toledo, especializado Pós-graduado em Direito Privado pela UFF, explica detalhadamente sobre o caso e escolha judicial na internet. De uma forma bastante resumida, na questão judicial sobre os “direitos de marca” sobre o Krav Magá, o Magistrado entendeu que conforme entendimento do próprio INPI, órgão responsável pelo registro de marcas e patentes, que embora tenha acontecido o registro da marca “KRAV-MAGÁ”, a expressão nada mais é que uma “luta pessoal”, e portanto, embora a Lei venha proteger a marca, estaríamos diante de um técnica de “Defesa Pessoal”. Realizar o registro de uma marca, com a intenção de criar-se um direito autoral, seria o mesmo que registrar o “Boxe”, por exemplo. Conforme podemos verificar na leitura dos fundamentos da sentença, a marca “KRAV-MAGÁ” teria sido a principio registrada na classificação de “objeto de estética pessoal”. Aos que buscam entender ou ver na íntegra a decisão do Processo, ele está registrado sob o nº: 0370970-32.2009.8.19.0001
O que acontece sim, em alguns casos, é o fato de alguns instrutores, sem qualquer formação séria em Krav Magá, tempo de treino ou passado na arte marcial, utilizarem a falta de conhecimento do público geral e usam o nome para se promover. São profissionais despreparados e sem conhecimento ou bagagem técnica que utilizam, de má fé, o nome em benefício próprio. Desta forma, o correto é dizer que alguns instrutores estão mal preparados, ou não possuem um passado de Krav Magá. Muitos viajam para Israel ou outros países, fazem um seminário qualquer de alguns dias, um curso em Wingate (que é uma faculdade, e oferece diversos cursos livres de curtíssima duração) ou treinam na academia de algum Mestre, tiram uma foto com ele e dizem que eram alunos deste ou aquele Mestre de Krav Magá.
Por outro lado, dizer que todos que não fazem parte de uma determinada escola ou instituição estão “pirateando” o Krav Magá, é agir de forma desonesta, escondendo a verdade do público geral, sob a intenção de enganar o consumidor que tem menos acesso a informação em benefício próprio.
7. MEU INSTRUTOR DE KRAV MAGÁ ENSINOU QUE A ADRENALINA ME TORNA MAIS ALERTA E MAIS EFICIENTE EM UMA SITUAÇÃO DE AMEAÇA.
No Krav Magá, usamos movimentos baseados nos reflexos naturais do corpo para neutralizar um agressor ou ameaça. Executar técnicas ou movimentos complexos, onde precisamos lembrar centenas de “dicas” e posições contradiz completamente essa metodologia.
Considerar que a descarga de Adrenalina originada de uma ameaça ou de uma situação real de perigo pode tornar uma pessoa mais eficiente ou mais alerta é trabalhar com um conceito bastante perigoso que pode inclusive, tornar a situação ainda mais complicada. Quando alguém é exposto a situações reais de ameaças, que envolvem altos riscos (de vida inclusive), a medula adrenal produz uma cascata de hormônios, que afetam a maneira que essa pessoa pensa e age. Existe um termo que designa esse estado, chamado de “fight or flight” que pode ser traduzido como “lutar ou fugir”, que é normalmente mal interpretado sobre seu real significado. Ainda, se fosse assim, todos nós seriamos ou lutadores ou corredores, fato muito diferente da realidade, onde a maior parte das pessoas ficam totalmente “congelados” sem nenhuma reação.
Resumidamente: quando exposto ao perigo, seu corpo inicia alguns processos que o preparam para enfrentar esse perigo ou a situação à qual está exposto naquele exato momento – ocorrendo o aumento da pressão sanguínea, dos batimentos cardíacos e do nível de glicose no sangue, bem como a diminuição das funções digestivas e o trabalho do sistema imunológico. O cérebro perde a habilidade de focar em pequenas tarefas, pois todos os processos e energia ficam centralizados para a solução do problema em questão. As veias, redirecionando o fluxo do sangue de grupos musculares menores para os lugares onde são ele é mais necessário. Basicamente, seu corpo entra em um “estado de pânico” fazendo com que as habilidades motoras finas fiquem menos refinadas. Em outras palavras, podemos dizer que o corpo se torna menos “coordenado”.
Isso significa que o corpo não está necessariamente mais alerta e sua capacidade de executar movimentos ou ataques complexos, diminui.
Um dos pontos principais do Krav Magá está na sua simplicidade – aprender a neutralizar um agressor usando os reflexos naturais do corpo como base para a defesa. Qualquer um que diga algo diferente disso, não estudou anatomia e fisiologia o suficiente para interpretar corretamente as informações dos livros e estudos existentes ou ainda não aprendeu ou não entendeu o que é o Krav Magá.
BIBLIOGRAFIA:
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Lo Presti, Gaetano (2015) Imi Lichtenfeld – The Grand Master of Krav Maga. Youcanprint.
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10 FILMES EM QUE O KRAV MAGÁ TEM PAPEL PRINCIPAL NO ROTEIRO
A evolução dos filmes tem visto um aumento constante na busca do realismo desde o início do cinema por volta da virada do século XIX. Mais e mais pessoas anseiam por melhores gráficos, efeitos especiais e, claro, cenas de luta. Por isso o Krav Magá entrou rapidamente como favorito entre as equipes de cinema e TV, atores e diretores como uma forma extremamente realista de treinamento e coreografia de cenas de luta. “As cenas são criadas e desenvolvidas com o acompanhamento de especialistas e instrutores, que orientam o elenco para a que a performance seja a mais realista e segura possível”, afirma Avigdor Zalmon, presidente da Federação Internacional de Krav Magá e responsável pelo ensino da arte no Estado de São Paulo.
Abaixo a lista de alguns filmes onde o Krav Magá está em ação. Então, prepare a pipoca e dê um play na maratona!
Nunca Mais (Enough /2002) – É bom ver tantas mulheres nesta lista. Krav Magá é ótimo para capacitar as mulheres e é isso que basta. J-Lo foi cruel neste filme, interpretando uma esposa abusada que aprende a revidar por meio da aprendizagem de Krav Magá.
Diamante de Sangue (Blood Diamond) com Leonardo de Caprio – Embora não seja reverenciado por suas cenas de luta, esse é um dos filmes mais cheios de ação da carreira de DiCaprio. Um sistema de treinamento como Krav Magá foi perfeito para que o ator vivesse o personagem de forma muito realista.
Colateral (2004) – Antes de filmar este sucesso, o lendário ator de ação Tom Cruise passou por intenso treinamento em Krav Magá por mais de 3 meses. Você pode ouvir o diretor Michael Mann falando sobre o treinamento de Cruise nos comentários em DVD do filme.
A Grande Mentira (The Debt) com Jessica Chastain – A atriz teve quatro meses de treinamento e antes disso nunca pensou em ser uma lutadora exímia de Krav Magá.
Foto: Divulgação
Million Dollar Baby (2004) – O filme é estritamente sobre boxe, porém a líder do longa, Hillary Swank, contou com Krav Magá como parte de seu repertório de treinamento.
Tomb Raider com Angelina Jolie – Depois de conseguir o papel titular em 2001, Lara Croft: Tomb Raider, Jolie e os cineastas decidiram que precisavam levar a fisicalidade do personagem muito a sério. Jolie treinou por mais de dois meses antes das filmagens e, durante todo o tempo de gravação, continuou treinando.
Salt (2010) – Desde que ela aprendeu Krav Magá para o papel como Lara Croft, Jolie continuou a prática para garantir que as cenas de ação continuassem autênticas. Para este filme uniu o Muay Thai com o Krav Magá.
Sr e Sra Smith – O casal mais bonito de Hollywood, começou a ter aulas de Krav Magá juntos em preparação para o filme. Jolie já era veterana no treinamento e o casal arrasou nas cenas de ação.
A Beira Mar (By the Sea) – O casal Brad e Jolie praticou juntos Krav Maga para ajudá-los na preparação do filme. Brad eliminou mais de 10 quilos depois de participar de aulas intensas de exercícios militares por apenas três semanas.
007 Cassino Royale (2006) – Para se preparar para este filme, Daniel Craig aperfeiçoou habilidades específicas, como Parkour, que o prepararam para a cena épica de perseguição no filme e treinou Krav Magá e outras artes marciais.
PORQUE TREINAR KRAV MAGÁ?
Por mais que o Krav Magá seja hoje uma modalidade bastante conhecida pela maior parte do público que busca por aulas de defesa pessoal ou por aqueles que procuram uma alternativa de trabalho para as atividades mais comuns encontradas nas academias, ainda existe por parte de muitos o questionamento sobre o porque as aulas de Krav Magá são a melhor opção comparando com as outras atividades mais comuns ou mais fáceis de serem encontradas. Aqui, vamos expor alguns pontos, que talvez possam auxiliar em sua busca por essa resposta!
01. Uma resposta para todo tipo de violência.
O Krav Magá é a Defesa Pessoal Israelense e significa em Hebraico Combate de Contato. Os golpes são curtos e rápidos e visam atingir os pontos sensíveis do corpo. É um sistema completo, que visa não apenas a defesa pessoal, mas também a proteção de terceiros, e é conhecido no mundo todo por sua técnica desenvolvida para solucionar qualquer tipo de agressão e ameaça. Para tal, usa táticas que ensinam evitar, prevenir, defender ou reagir a qualquer tipo de situação ou confronto.
O Krav Magá é a única modalidade reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal, não possui regras, competições ou medalhas. A ideia do Krav Magá é simples: transferir o peso na direção do agressor e golpeá-lo com a maior velocidade, ou seja: não exige força física e, portanto, qualquer ser humano independentemente de sexo, idade ou condicionamento físico pode se defender de qualquer tipo de agressão e voltar ileso e seguro para sua casa.
02. Ensina a superar qualquer desafio e desenvolve a Auto-Confiança.
Quando falamos em violência, também nos deparamos com outros tipos de violência, que não a física. Com a prática e o treino constante, o aluno se sente cada vez mais hábil e capaz de superar quaisquer tipos de desafios. Através do seu criterioso processo seletivo e pela formação completa e diferenciada dos seus instrutores, a Federação Internacional de Krav Magá garante a melhor qualidade de ensino, solucionamos os problemas do Bullying e da Violência de nossos nossos alunos, recuperando sua Autoconfiança e sua Autoestima e fazendo com que os mesmos se sintam mais seguros no dia a dia. Nossos alunos são tratados com muita atenção, respeito e amor. Os instrutores são, antes de tudo, educadores e o que é ensinado nas academias vai muito além do que somente a técnica de defesa pessoal. Nossos pilares são a educação à boa cidadania e aos valores humanos bem como o amor ao próximo e a consciência social. O aluno aprende a explorar o melhor de si, torna-se uma pessoa vencedora e um ser humano melhor. A Federação Internacional de Krav Magá transforma vidas, e desenvolve nos alunos a capacidade de superar qualquer tipo de desafio, seja ele físico ou mental.
03. É uma excelente atividade física
No Krav Magá, você aprenderá a usar tudo que tiver a seu alcance como uma arma para se proteger ou se defender, e isso inclui obviamente seu corpo! Todas as aulas começam com uma série de exercícios simples, que têm o objetivo não apenas de aquecer o corpo e prepará-lo para a aula, mas também são uma combinação de movimentos que trabalham o condicionamento físico (aeróbico), a força, a agilidade, a flexibilidade e o alongamento. Esses exercícios não vão apenas facilitar e melhorar de forma efetiva o aprendizado e a execução das técnicas ensinadas na aula, mas também vão aprimorar seu condicionamento físico e sua saúde, deixando você em excelente forma física!
04. Melhora a Percepção sobre o ambiente
Os praticantes de Krav Maga aprendem a realizar e utilizar suas técnicas em diversos tipos de ambientes e situações, de forma que precisam usar o corpo e a “mente” de forma simultânea, para encontrar respostas rápidas para todos os cenários que, por ventura, possam acontecer no dia-a-dia. Desta forma, com a prática e os treinos, o aluno desenvolve a capacidade de se adaptar e se ajustar rapidamente à diversas situações, de forma instintiva. Isso acontece porque o aluno desenvolve, dentre outras habilidades, uma percepção mais aguçada sobre o ambiente e sobre tudo que o rodeia e aprimora sua visão periférica e seu reflexo, o que contribui para que muitas vezes, ele seja capaz de prevenir ou evitar algumas situações, simplesmente por estar mais alerta ou atento ao ambiente que o cerca, tornando-se capaz de se ajustar ou se adaptar de forma rápida a qualquer situação.
05. Promove novas amizades
O Krav Magá é uma técnica democrática, criada para qualquer tipo de pessoa. Desta forma, nas academias, você encontra um grande número de alunos com objetivos similares, e um ambiente acolhedor, onde todos estão sempre dispostos a ajudar e aprender uns com os outros. Por não existir competições ou campeonatos, todos estão sempre se ajudando e evoluindo juntos. Não é difícil encontrar famílias treinando junto, ou pessoas que encontraram na academia, seus melhores amigos.
06. É divertido
Boa parte dos exercícios propostos nas aulas, promovem uma grande interação entre os alunos, e isso faz com que de diversas formas, a prática e o dia-a-dia dos treinos, se torne algo divertido de ser realizado, trazendo uma sensação de alívio e bem estar ao final das aulas.
Além destes aqui listados, existem mais inúmeros outros benefícios que a prática do Krav Magá pode trazer para seus praticantes.
Através dos treinos da Federação Internacional de Krav Magá, você vai aprender a se defender, superar o medo da violência e do bullying, recuperar sua autoestima e autoconfiança e andar mais seguro na rua..
Faça uma aula de experiência gratuita, em uma academia da Federação Internacional de Krav Magá para conhecer de perto a modalidade e os benefícios que ela pode trazer para sua vida! Até breve! Nos vemos na academia!
CONHEÇA NOSSO CANAL NO YOUTUBE
A Federação Internacional de Krav Magá disponibiliza em seu canal do YouTube e em suas redes sociais vídeos com aulas gratuitas, como as aulas presenciais foram suspensas, seguindo as medidas preventivas determinas pelo Ministério da Saúde.
Além dos vídeos que estão sendo publicados, no canal também acontecerão transmissões ao vivo com aulas e esclarecimentos de dúvidas sobre o Krav Magá. Segundo o instrutor-chefe da Federação, Avigdor Zalmon: “essa é uma ótima oportunidade para os interessados na técnica de defesa pessoal conhecerem um pouco da rotina de treino e se exercitarem durante o período de quarentena. Em 12 horas, conquistamos centenas de interessados, o que mostra que a população está disposta a praticar uma atividade física, mesmo que isolados”- afirma.
O processo de aulas vai funcionar além dos vídeos publicados, pois, também acontecerão transmissões ao vivo com aulas e esclarecimentos de dúvidas. “A ideia é a de publicarmos de dois a três vídeos por semana, com aulas que vão desde os exercícios mais leves até a técnica avançada do Krav Magá. Assim os alunos poderão manter suas rotinas de treino com a família ou até sozinhos. É claro que os vídeos não substituem as aulas regulares onde o professor acompanha os alunos de perto, mas é a nossa forma de ajudar nossos alunos nesse período difícil” finaliza Zalmon
Assista e inscreva-se no nosso Canal do YouTube: youtube.com/c/FederaçãoInternacionaldeKravMagá
OS 10 BENEFÍCIOS DO KRAV MAGÁ QUE VÃO MUITO ALÉM DA SEGURANÇA
A prática da defesa pessoal israelense torna as pessoas mais atentas e disciplinadas, estreita laços entre os praticantes e seus familiares, traz benefícios à saúde, além de garantir a volta para casa em segurança
Todo mundo sabe que o Krav Maga, a técnica de defesa pessoal israelense, é eficiente para que as pessoas possam voltar para casa seguras ao final do dia, mesmo com toda a violência urbana que enfrentamos hoje.
O que poucos sabem é que essa modalidade de defesa é um caminho de vida que promove muito mais benefícios, tanto físicos, quanto comportamentais. A prática do Krav Maga conta alguns desses benefícios:
1. DIMINUI A ANSIEDADE
O treinamento de Krav Maga, bem orientado por profissionais devidamente preparados para isso, faz com que o aluno passe a controlar melhor suas emoções e suas reações. Esse autocontrole para avaliar as situações de risco, exercitado em todos os momentos do treino, reflete não só na questão da segurança, mas também no dia a dia da pessoa.
Ou seja, além desse aluno ter melhor controle de suas emoções e um momento de risco, como um assalto ou uma ameaça, ele passa também a ter melhor controle sobre a sua ansiedade no seu dia a dia.
2. MELHORA O AUTOCONTROLE
A prática do Krav Maga traz grande contribuição para o autocontrole. Isso porque se trata de uma arte de defesa pessoal, que lida com a vida das pessoas. Conhecer os movimentos, atuar dentro da margem de segurança, respeitar os ensinamentos do instrutor e as regras da modalidade são exercícios diários que refletem no controle da agressividade das pessoas.
Ao contrário do que se pensa, o praticante de Krav Maga não é um “brigão” e sim uma pessoa extremamente consciente de seus atos.
3. AUMENTA A AUTOESTIMA
O treinamento constante e bem orientado de Krav Maga reflete diretamente na autoestima do praticante. Quando um aluno percebe que ele pode ter maior controle sobre seu medo e sobre as suas reações, ele se torna uma pessoa mais segura de si, o que vai refletir diretamente em seu modo de se perceber perante o mundo.
Essa autoestima é reforçada durante os treinamentos, pois uma vez que o Krav Maga é uma modalidade de defesa pessoal e não um esporte de competição, não há disputa entre os alunos, somente incentivo para a melhoria continuada de todos.
4. TORNA AS PESSOAS MAIS ATENTAS
Vivemos em uma era em que os celulares tiram 90% de nossa atenção, seja em casa ou mesmo nas ruas. Praticar defesa pessoal tem por base não se colocar em risco e a atenção é um ponto fundamental para isso.
Quem pratica Krav Maga muda esse hábito e se torna uma pessoa alerta, não apenas a situações de ameaça, mas a tudo que acontece ao redor – uma pessoa que se aproxima, um som estranho, uma movimentação diferente. Esse treino de atenção se reflete na vida das pessoas, nos estudos, no trabalho, etc.
5. TORNA AS PESSOAS MAIS DISCIPLINADAS
Quem pratica Krav Maga na nossa academia sabe que ter o uniforme limpo e passado, as unhas e cabelos devidamente cortados, não atrasar nos treinamentos e respeitar os colegas são condições básicas para treinar.
Essa rotina faz com que as pessoas adquiram disciplina para além dos treinamentos, o que traz benefícios práticos na vida delas.
6. TORNA AS PESSOAS MAIS SOLIDÁRIAS
Quando o praticante de Krav Maga começa a dominar a técnica, ele obviamente se torna uma pessoa mais atenta e segura. Essa atenção vai além dele mesmo e também é direcionada aos outros.
O trabalho de ensino do Krav Maga, incentiva as pessoas a serem solidárias a quem precisa de ajuda. Se conhecemos a forma de nos proteger, então podemos estender esse benefícios aos outros, melhorando a condição da sociedade que nos cerca.
7. MELHORA O CONDICIONAMENTO FÍSICO
O intuito do Krav Maga não é formar atletas. Mas a prática estimula os alunos a se exercitarem diariamente, dentro de seus limites. Com isso, os benefícios são inúmeros: melhora a condição cardiovascular, melhora a forma física, melhora o sono, etc.
8. MUDA A RELAÇÃO DAS PESSOAS FRENTE AO MEDO
A prática do Krav Maga prepara os praticantes para as situações de ameaça ou agressão a que estão expostas em um centro urbano, por exemplo. Mas, além disso, ela transforma a relação das pessoas frente ao medo e à insegurança.
Muitas vezes, o medo pode paralisar a pessoa. O treinamento de Krav Maga faz com que o praticante possa controlar a sua reação frente ao medo, olhar a situação com clareza para decidir a melhor maneira de agir e voltar vivo e em segurança para casa.
9. ESTREITA LAÇOS FAMILIARES
O Krav Maga tem uma particularidade: não há divisão de idade nos treinos, ou seja, homens, mulheres e crianças treinam juntos, respeitando a graduação de cada um. Com isso, pais e filhos treinam no mesmo tatame, evoluem juntos e incentivam uns aos outros.
10. ESTREITA LAÇOS DE AMIZADE
Pela particularidade do Krav Maga ser uma modalidade de defesa pessoal e não um esporte de competição, não há disputa entre os alunos. Todos se ajudam e se incentivam a melhorar sempre. Com isso e com a rotina dos treinos, duas vezes por semana em horários pré-estabelecidos, as turmas de Krav Maga acabam se tornando turmas de amigos.
Mais do que isso, os alunos de todo o País, e mesmo de fora dele, se reúnem em seminários e treinamentos especiais (aulões em parques, na praia, workshops, viagens a Israel, etc), gerando um intercâmbio de amizades que ultrapassam os limites das academias.
Se você ficou interessado, lembre-se: Krav Maga é uma arte de defesa pessoal que lida com a vida das pessoas.
Para treinar com segurança, procure um profissional habilitado e reconhecido pelo seu trabalho e sua aula.
O BOM INSTRUTOR
A escola onde você quer treinar é longe de sua casa ou seu trabalho, limitando seu número de aulas e treinos no mês? Você treina menos do que gostaria por causa do trânsito, trabalho ou dos estudos? Os horários na academia onde você treina são limitados?
Treinar em uma boa academia com um bom instrutor nem sempre é perfeito. Muitas vezes, encontraremos obstáculos a superar, alguns bastante desafiadores. Ainda assim, é melhor treinar com o instrutor certo ao invés de treinar na academia “mais fácil”.
Não importa o quão difícil seja treinar na academia certa e com o instrutor certo. Sua vida será muito mais simples e fácil desta maneira, mesmo com todos os obstáculos que você possa encontrar. De uma forma simples, podemos dizer que não existem chances de sucesso e superação treinando com um instrutor despreparado.
“No Japão há um ditado que diz que é melhor gastar três anos procurando por um bom professor do que ocupar o mesmo período de tempo fazendo exercícios com alguém inferior.”
– Yoshi Oida
Praticamente todos os problemas e erros dos praticantes de artes marciais no geral são causados por um ensino ruim. E quando falamos em ensino fraco, não estamos só nos referindo a instrutores que fingem ter habilidades e conhecimentos que não têm, ou a aqueles que são instrutores somente para satisfazer algum problema de ego, mas também aos bem intencionados e honestos, mas ainda assim, pobres.
Ensinar e executar um movimento ou golpe, de qualquer modalidade, não está somente relacionado a como executar corretamente a parte mecânica do movimento corporal. As pessoas são diferentes uma das outras, o que significa, que elas encontrarão dificuldades diferentes para a realização de um determinado movimento. Entender essa dificuldade e encontrar respostas para ajudar o aluno a superar o desafio, leva anos de prática, treinamento e estudos.
Além disso, não basta saber a maneira correta de realizar um movimento qualquer. É preciso saber o momento correto de aplicá-lo, suas variações, suas consequências, suas possíveis combinações com outros movimentos e em quais situações ele terá mais chances de sucesso. É preciso entender a filosofia por trás do movimento, como e porquê as técnicas são aplicadas daquela forma e não de outra.
Procure pelo ambiente de treino correto!
Infelizmente, há vários ambientes de treino no qual as artes marciais ou o benefício do aluno não são a prioridade. Muitas vezes, a prioridade do instrutor é puramente comercial. Uma boa maneira de não ser enganado é procurar pelas motivações do instrutor, entender o porquê ele ensina e ver como ele ensina. Se os motivos dele são o desenvolvimento do aluno, você está no lugar certo!
Cão que ladra, não morde!
Seguindo o mesmo raciocínio acima, tenha sempre muito cuidado com escolas e instrutores que exageram no marketing pessoal ou da academia. Normalmente, se você vê muito conteúdo (seja em propaganda, ou em conteúdo de redes sociais) significa que a academia precisa urgentemente de mais matrículas e mais alunos. E se ela precisa de mais matrículas e mais alunos é porque têm mais espaço vago, o que costuma ser um indicativo de aulas ruins (alunos se matriculam, percebem que não é um local adequado e deixam de fazer as aulas, deixando mais vagas disponíveis).
Obviamente que existem excessões (muitas vezes a academia possui instalações muito grandes, de forma que sempre tem espaço disponível), mas normalmente um bom instrutor está preocupado em melhorar sua técnica e seu treino, e trazer mais formas para seu aluno se desenvolver, ao invés de fazer vídeos, propagandas e posts para redes sociais, para pessoas que não são alunos, tentando com isso provar de alguma forma sua capacidade.
Desconfie!
Procure sempre saber informações sobre o instrutor, onde ele treina e como foi seu processo de formação para dar aulas. Infelizmente, existem “cursos” de 1 semana ou menos para pessoas sem nenhuma experiência prévia no Krav Maga, juntando dois lados de busca por dinheiro fácil: aqueles que dão esses cursos relâmpagos que nada garantem e os interessados em busca apenas de um diploma qualquer, que acabam por convencer academias que não estão atentas a essa situação.
Por isso, antes de tudo, procure saber se o instrutor que você escolheu é credenciado junto à uma Federação séria, honesta, competente, respeitável e não tendenciosa. Essa é a garantia que o profissional recebeu o treinamento correto para ensinar a modalidade. Visite o site da Federação Internacional de Krav Magá em www.kravmaga.org.br.
A formação de instrutores de Krav Maga requer extrema cautela e responsabilidade.
O profissional mal preparado representa um perigo para seus alunos e para sociedade. A função do instrutor é ensinar técnicas de defesa pessoal, ensinando quando e como aplicá-las, desenvolvendo a autoconfiança e o autocontrole. Ao trabalhar o corpo como instrumento de ataque e defesa, libera-se a agressividade, direcionando essa energia de forma sadia e construtiva. O processo de formação de instrutores adotado pela Federação Internacional de Krav Magá é o mesmo criado por Imi Lichtenfeld (Z”L), o criador da modalidade. Este processo é extremamente rigoroso, pois garante a qualidade e alto nível de ensino, e a difusão do Krav Magá.
Para saber mais sobre o processo de formação de instrutores da Federação Internacional de Krav Magá, clique aqui:
https://kravmaga.org.br/federacao/formacao-dos-instrutores
O processo é extremamente rigoroso e exige muito de seus candidatos, mas esta é única forma de garantir a formação de instrutores altamente qualificados, que contribuem para a formação de uma sociedade melhor.
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